20 de setembro de 2007

Que viva Eisenstein!

Como todos não sabem, estou tomando contato de todos os filmes do grande Sergei Eisenstein. O cineasta letão que na verdade é soviético mas que nada disso importa.

Comecei essa jornada há algumas semanas assim que terminei de ler o livro dele "A forma do filme".
Comecei, cronologicamente, assistindo "A Greve" (1924), chatinho, mas tem uma ou duas seqüências interessantes.

Em seguida assisti a tão falada obra-prima "O Encouraçado Potemkim" (1925), uma porcaria, só a famosa seqüência das escadarias presta, e talvez uma ou outra lá no início do filme.

Seguindo, olhei "Outubro" (1927), filme esse que foi feito encomendado pelo Lênin & cia em comemoração ao 10º aniversário da Revolução Russa. Aqui finalmente encontrei um filme que presta, seqüências bem feitas, inspiradoras e de grandiosidade que merecem no mínimo meu respeito. Talvez tenha sido o auge do cinema mudo.

Que pena, justo na hora do seu fim. Hehe.


Após esse fiz um pulo radical para "Alexander Nevsky" (1938). Engraçadíssimo, como já havia sido informado pelo meu colega Bruno. E tenho absoluta certeza que serviu de inspiração para mestres do humor como Monty Python. Mas ao mesmo tempo que é engraçado pela sua tosquice, é completamente fascinante por conseguir retratar precisamente, acredito eu, uma história que se passa lá na Mongólia nos anos de 1200 e sei lá o que. Figurinos ótimos, atores que se encaixam perfeitamente pro papel, bela fotografia e uma montagem mais simples de entender.

Ontem assisti a dois curtas dele. O primeiro, "Misery and Fortune of Woman" (1929), título em inglês, não tem muito o que falar desse, é legalzinho, é meio poético mostrando janelas abertas e depois fechadas e traça duas histórias paralelas de duas mulheres, uma rica, outra pobre. Bem básico.

Porém, o segundo que eu assisti foi "Romance Sentimental" (1930), totalmente surreal (e geralmente isso não me agrada) mas com uma poética interessantíssima. Planos belíssimos de natureza. E aí corta pra uma sala, com relógios simbolizando o tempo passando e uma mulher parada. Ela fica parada por horas e aí se senta no piano e começa a tocar. Uma música absolutamente ótima, que eu infelizmente não achei nada parecido até agora, mas que me fascinou muito. Seguem-se os planos e a música vai nos conduzindo por todo o curta. Acabei indo ler algo sobre esse curta na internet e ao que tudo indica foi feito exclusivamente por dinheiro. Um comunista fazendo um filme por dinheiro. Acho que posso encerrar por aqui.

Pretendo ver agora "Que viva México" (1930-1979), e na seqüência a trilogia inacabada "Ivã, o Terrível" (1942-1945), talvez mais além eu volte no tempo pra olhar "A Linha Geral" (1928).

4 comentários:

Bruno G. Guimarães disse...

corrigindo-te:

o Alexander Nevsky se passa na Rússia mesmo, nada de Mongólia.
Conta como o povo russo expulsou o invasor teutônico.
Bem pra época, né... pré 2ª Guerra.
(o engraçado é que pouco tempo dps dele ter lançado esse filme, o Stalin firmou o pacto germano-soviético! hahahaha)
fui

prux, f. r. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
prux, f. r. disse...

É, o filme Outubro me pareceu o mais tragável.
Não me considero uma negação completa em termos apreciativos, mas até o semestre passado eu cheguei a me sentir um estúpido, tamanho fervor do Glênio pela obra do Eisenstein. Sempre gostei mais de coisas tipo Dziga Vertov. Me refiro à montagem dinâmica... Só nesse semestre eu começo a encontrar uma luz ao fim do túnel - e devo isso à Keta!
Gostei desse relato sobre o Eisenstein, não sabia que ele era da Letônia!

(Fui eu quem excluiu o comentário, é que tinha um erro imperdoável - em vez de escrever tragável escrevi intragável)

tio_do_buteco disse...

bruno, sim, errei feio, sei lá porque eu tava com Mongólia na cabeça, mas tudo bem.

prux, entao, eu nao aprecio tanto a montagem dinâmica, tanto é que acho que o Eisenstein ficou melhor quando ele começou a fazer uma montagem mais compreensivel e não a que ele chamava de intelectual, mas é questão de gosto.
quanto a letônia, bom tu deve saber, mas é que eu li que gera algum conflito em como se referir a ele. Ele nasceu em Riga, hoje capital da Letônia, mas à época era parte da U.R.S.S. então como classificar ele? Letão ou soviético?

Grato aos dois pelos comentários.